Para além de uma simples função de nutrir o corpo e garantir a energia que o mantém vivo, a alimentação ganhou um importante espaço na vida humana. Comemos para cumprir formalidades sociais, para encontrar pessoas, comemorar algo feliz ou para aliviar tensões da vida cotidiana. Entretanto, quando nossa relação com a comida sai do equilíbrio de forma recorrente podemos estar diante de episódios de compulsão alimentar.
O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) se caracteriza por uma ingestão exagerada e não-controlada de alimentos em um espaço de tempo reduzido. Considerado um distúrbio que merece atenção, a compulsão alimentar pode estar associada à questões emocionais, além de comprometer a saúde física do indivíduo.
Nesse post vamos ajudar você a entender um pouco mais sobre esse distúrbio, como funciona seu diagnóstico e a melhor forma de tratamento.
Sobre o Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP)
O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica levou alguns anos para ganhar relevância e atenção da comunidade médica e científica. Descrito em 1950, apenas em 1994 foi considerado um distúrbio e incluído no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Sua principal característica consiste em episódios em que a pessoa ingere uma quantidade de alimentos muito maior do que o necessário para a sua carência nutricional em um curto espaço de tempo (cerca de 2 horas). Para além de uma circunstância eventual, esses casos são recorrentes e acompanhados de uma sensação de falta de controle, seguido de arrependimento pelo ocorrido. Outra característica a ser ressaltada é que a tendência é por consumo de alimentos mais calóricos, porque eles são mais palatáveis. Entretanto, alimentos ricos em gordura e açúcar vão propiciar maior ganho de peso.
A nutricionista Letícia Rezende complementa que o diagnóstico geralmente ocorre apenas quando o paciente procura o especialista para tratar do sobrepeso ou obesidade.
“Não existe um sintoma específico desse transtorno. O paciente que procura um nutricionista para acompanhamento, geralmente, se enquadra no quadro de consequências da compulsão alimentar. Ou seja, os pacientes que procuram ajuda já estão em estágio de obesidade ou sentindo dificuldade de emagrecer. No entanto, é no próprio consultório que descobrimos a necessidade de trabalhar com outros profissionais, principalmente psicólogos, a fim de identificar os gatilhos que geram a compulsão alimentar”, comenta a nutricionista que atende na Policonsultas.
Causas e consequências do TCAP
Em síntese, dentre as principais causas do desenvolvimento do transtorno de compulsão alimentar destaca-se o fator genético, o ambiente e o contexto em que essas pessoas são expostas. Quando há casos na família é mais comum que tal doença ocorra em determinadas situações de estresse e sofrimento, surgindo principalmente durante a adolescência ou no início da fase adulta. Entretanto, os problemas emocionais são os principais condutores desse transtorno, podendo ser uma característica disparadora dos episódios em qualquer indivíduo. Problemas de relacionamentos (amorosos, familiares ou sociais), grandes situações de estresse, restrições alimentares (dietas rígidas), doenças psicológicas (como depressão e ansiedade) são destacados, uma vez que a compulsão alimentar alivia temporariamente a tensão causada por essas situações. O problema é que tal sensação de atenuação de uma carga emocional tem curta duração, e a longo prazo a saúde física e mental ficará comprometida.
Como consequências podemos citar o aumento do risco de obesidade e, com isso, prejuízos funcionais a todo o corpo. Eleva-se o risco de hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, entre outras doenças. Deste modo, é importante destacar que a qualidade de vida do indivíduo fica comprometida, causando maior sofrimento, problemas no desempenho de papéis sociais, insatisfação com a vida e com a saúde, ou mesmo risco de desenvolver transtornos psiquiátricos.
Como tratar?
Letícia Rezende pontua que a Compulsão Alimentar, apesar de desafiadora, pode ser tratada. Entretanto, os resultados dependem de uma mudança de hábitos que deve ser levada para a vida.
“São muitos fatores que envolvem o Transtorno de Compulsão Alimentar, mas no campo de nutrição, respeitando a individualidade de cada paciente, podemos criar estratégias de reeducação alimentar. No entanto, este é um processo longo e contínuo, uma vez que as sugestões de mudanças na rotina ou no cardápio são negociações feitas aos poucos e que precisam ser cumpridas pelo paciente”.
Na Policonsultas você encontra as especialidades indicadas para um tratamento adequado. Conheça nosso corpo clínico e não deixe de cuidar da sua saúde!
Sobre a especialista:
Letícia Rezende é nutricionista graduada na Universidade Federal de Juiz de Fora, atua em nutrição clínica e faz parte do corpo clínico da Policonsultas.